segunda-feira, 25 de junho de 2018

Entrevista

Fonte: https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact


ENTREVISTA
Entrevista realizada com duas moradoras antigas do bairro, uma reside há 70 anos e outra reside há 100 anos, em ambos os casos não houve autorização dos familiares para divulgação dos respectivos nomes, mas foram passadas informações bastantes significativas para o trabalho. A primeira moradora, que reside há 100 anos no bairro e que inclusive mora na mesma rua em que eu moro, relatou dados bem ricos sobre a rua que foram bem detalhados, quando cito historicamente o surgimento de minha rua, neste mesmo site, a outra moradora relata maiores informações acerca do bairro e da forte batalha com a Santa Casa de Misericórdia pela posse do terreno.
Em ambos os casos foram dirigidas perguntas semelhantes para as moradoras. Por questões didáticas, nessa entrevista chamo a moradora de 100 anos de entrevistada 1 e a de 70 entrevistada 2.
1 Como se configurava o bairro na época em que a senhora começou a morar aqui?
Entrevistada 1: “O bairro era fechado de mato por todos os lados, com alguns caminhos que davam acesso para o mar, tinha também várias fontes naturais e um riacho que passava no fundo da minha casa onde lavava roupa de ‘branco’ para sustentar meus 7 filhos, tinha um campo de jogar bola antigo, cheio de barro onde a molecada costumava brincar, e as casas da rua eram tudo de taipa, tendo bem poucos prédios por aqui”.
Entrevistada 2: “Logo que mudei para cá, ainda menina, a Rua Teixeira Mendes, a principal do bairro nem existia ainda, o local era totalmente fechado pela Santa Casa, e pra gente sair do bairro tinha que passar por dentro do cemitério. Além disso, tinha várias descidas de acesso a praia que depois foram sendo fechada com as construções que foram surgindo com o tempo. O bairro tinha muitas fontes naturais onde as lavadeiras ganhavam a vida e sustentavam suas famílias, lavando e passando para os ‘brancos’ da Garça. Quase não tinha comércio e tudo que precisávamos comprávamos na Feira de São Joaquim. Antigamente tinha uma linha de ônibus que entrava no bairro e ia até o final de linha e depois ia até o final de linha de São Lázaro, mas a prefeitura tirou. A população daqui era muito pobre, os meninos ia brincar na ladeira do ‘Vai Quem Quer’ onde tinha um campo de futebol, mas acabaram com tudo”.
2 Como era a população que residia no bairro na época em que a senhora veio morar aqui?
Entrevistada 1: “Eu vim pra cá muito nova, morávamos no Vale do Canela, mas como me casei cedo vim pra aqui com meu marido e meu primeiro filho, o povo que morava aqui era muito pobre, a maioria trabalhava como coveiro no Campo Santo ou fazendo bico na casa dos ‘branco’ e as outras mulheres éramos lavadeiras ou trabalhávamos na cozinha dos brancos para ajudar a sustentar a casa. A parte do povo que não era negra, ou vinham do interior e construam seus barracos aqui no terreno da Santa Casa ou eram trabalhadores do próprio cemitério”.
Entrevistada 2: “Quando vim morar aqui com minha família eu era muito nova ainda, mas me lembro que boa parte da população era negra, muito pobre, trabalhavam no Campo Santo e fazendo pequenos trabalhos nas casas do ‘brancos’, as mulheres eram domésticas nas casas da Graça e assim sustentavam suas famílias. Tinha também as famílias novas que vinham de outros bairros ou interior morar aqui, pois era um terreno central que teoricamente pertencia a Santa Casa de Misericórdia, portanto não havia muitos problemas para efetuar construções nos locais, mais a Santa Casa se achando dona do bairro começou a cobrar taxas dos moradores para que fossem construídas moradias, além disso houve uma luta muito grande da população do bairro para que houvesse a abertura da entrada principal para que pudéssemos entrar e sair do Alto das Pombas sem a necessidade de entrar no cemitério”.
Entrevistada 2: “A o bairro mudou muito, na principal, a Rua Teixeira Mendes se desenvolveu batente, agora tem vários mercadinhos onde antes só tinham bancas de vendedores, que vendiam o que plantavam em seus quintais ou iam comprar na Feira de São Joaquim para vender aqui na entrada, aliás tem duas barraquinhas que sobreviveram logo na entrada do ‘Beco do Mijo’ o resto deu lugar as funerária e aos mercadinhos que foram sendo construídos, as passagens que a gente tinha para a praia foram sendo aos poucos fechadas, hoje só tem acesoa a praia pelo Camarão, pela Bomba ou pegando ônibus no Campo Santo, a tem a Estrada de São Lázaro também”.  

4 comentários:

  1. Realmente esse bairro é muito antigo, conheci o bairro através do SMURB/UFBA, pois os alunos são orientados a atualizarem a vacinação(calendário vacinal) no posto de saúde daí do Alto das pombas!

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  2. O impressionante dessa entrevista é a memória preservada das moradoras e a riqueza dos detalhes.

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  3. O que me chama a atenção era a proibição de passagem pelo bairro por conta da Santa casa e hoje eu vejo a federação como bairro de transição para inúmeros outros bairros.

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  4. EXCELENTE TRABALHO. PARABÉNS. SABIA QUE PODEMOS REGISTAR? VALE PRO CURRICULO SE REGISTRAR

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Fonte: https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact ENTREVISTA Entrev...